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Igreja Matriz de São João Marcos

Essa é a Igreja Matriz de São João Marcos, localizada na cidade fluminense de São João Marcos, inaugurada em 1801. Situada no centro da cidade e rodeada por vias e edifícios, a igreja, com arquitetura influenciada pelo maneirismo e o barroco, exibia um interior decorado com ouro. O imponente templo testemunhou as transformações e os eventos marcantes de São João Marcos: desde sua ascensão econômica durante o ciclo do café e a estadia de D. Pedro I, em 1822, na fazenda Olaria, até a dramática ameaça de submersão pelas águas de uma represa.

Na década de 1930, a Companhia Carris, Luz e Força do Rio de Janeiro (atual Light), em parceria com os governos federal e estadual, planejava obras de alteamento da barragem do reservatório de Ribeirão das Lages, com o objetivo de ampliar o fornecimento de água e energia elétrica ao Rio de Janeiro. Caso o projeto fosse executado, São João Marcos seria inundada pelas águas represadas, restando apenas a Igreja Matriz, localizada em uma elevação que, segundo ofício emitido por um agente estadual, não seria submersa.

Para impedir uma “projetada inundação propositada”, Luiz Ascendino Dantas, escritor e morador, requereu, em agosto de 1938, ao Conselho Consultivo, órgão colegiado do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (hoje Iphan), a proteção legal e o tombamento em conjunto da cidade. Em maio de 1939, o Conselho decidiu patrimonizar a cidade como “única medida adequada” diante do risco de inundação. No ano seguinte, a resolução do Conselho Consultivo foi cassada por meio do Decreto-Lei n° 2.269, de 03 de junho, assinado por Getúlio Vargas, permitindo à Companhia Carris, Luz e Força do Rio de Janeiro desapropriar as terras da cidade.

Na época, era compromisso da Companhia reconstruir a Igreja Matriz, o que nunca ocorreu. As ruínas remanescentes de São João Marcos, tombadas em 1990 pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), estão hoje expostas no Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos, inaugurado em 2011. As ruínas da Igreja Matriz preservam a memória do que foi a primeira cidade a ser tombada e destombada no Brasil.

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