Localizado no Largo da Carioca, centro do Rio de Janeiro, o Convento de Santo Antônio resiste a diversos eventos que perpassam a cidade desde o início do século 17, sendo acompanhado por diversas modificações ao longo deles. Esse fato se faz presente desde sua construção, uma vez que sua estrutura inicial é transformada com a vinda dos franciscanos no final do século 16, os quais construíram a primeira versão da edificação que hoje é conhecida como o Convento e a Igreja de Santo Antônio, no Morro que anteriormente era habitado por uma pequena capela dedicada ao mesmo santo.
Devido ao longo período de existência do Convento, suas reformas são marcadas por divergências históricas quanto à cronologia de obras, que ocorreram conforme as necessidades de mudanças da cidade e da estrutura conventual, que se tornam evidentes tanto na realização de pesquisas arqueológicas, quanto nos documentos produzidos a partir delas. Um fator estimulante para a geração de diferentes hipóteses é o Aqueduto, construído posteriormente, e sua ligação com o Convento, antes por ele atravessado, que indagam questões referentes ao uso e a própria arquitetura da construção. Da mesma forma, expõem conflitos gerados por pesquisas efetuadas de formas simultâneas, mas sem a troca de informações entre as partes.
A análise dos arquivos guardados no acervo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) relativos ao Convento suscita discussões relacionadas à importância da interdisciplinaridade em projetos de valores arqueológicos, artísticos e históricos. Além disso, reflete sobre interesses associados a tais monumentos e suas respectivas restaurações e reconstruções — seja por seus “valores pitorescos”, isto é, aqueles atribuídos imprevisivelmente através do tempo e de circunstâncias diversas, seja pelas disputas que rodeiam sua evolução histórica, caracterizada por uma suposta tendência que poderia sacrificar o testemunho da história em nome da valorização artística, ambos à mostra até hoje para visitantes e frequentadores desse patrimônio.
Texto de: @gio.barbutti